sábado, setembro 27, 2025
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Caso Roberta Dias: Primeiro dia de júri é marcado por comoção


Promotor Sitael Jones Lemos representa o MPAL no júri

Ré não esteve presente no plenário

O primeiro dia do júri dos réus Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho”, começou com atraso: estava marcado para as 9h, mas teve início apenas às 12h30. Nesta quarta-feira, 23, estava prevista a oitiva de oito testemunhas arroladas pelo Ministério Público.

Para evitar que as próximas testemunhas sejam influenciadas, o juiz solicitou que a imprensa não realizasse gravações dos depoimentos.

O primeiro depoente foi um policial civil que participou da investigação do desaparecimento. Sua fala durou cerca de 40 minutos.

Logo depois, uma forte comoção tomou conta do julgamento com a oitiva de Mônica Reis, mãe de Roberta. Ela emocionou o plenário ao relatar os 13 anos de sofrimento que enfrentou desde o desaparecimento da filha. Ela ressaltou que busca justiça não apenas por Roberta, mas também pelo neto que não chegou a conhecer.

“Espero que a sociedade condene os assassinos. Foram duas vidas tiradas. Não foi uma brincadeira o que fizeram. Foram 13 anos de angústia, de luta. Só depois de nove anos consegui enterrar os restos mortais da minha filha. Hoje estou nervosa, mas precisava falar isso”, disse Mônica em vídeo divulgado pelo Ministério Público de Alagoas.

Ouvida pelo juiz Lucas Dória e em meio às lágrimas, teve seu depoimento interrompido por alguns minutos para se recompor.

Na quinta-feira (24), será a vez das testemunhas de defesa. Segundo o juiz, ao final do dia, espera-se iniciar os interrogatórios dos réus. A sexta-feira (25) será reservada aos debates entre acusação e defesa, com duração estimada de nove horas.

Pedido de mudança do júri

A defesa da ré Mary Jane Araújo Santos, solicitou hoje à Justiça de Alagoas a transferência do julgamento para outra cidade. O pedido foi negado pelo desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo que manteve o júri popular em Penedo, como já havia sido determinado pela 4ª Vara da Comarca local.

A defesa da acusada alegava que não haveria imparcialidade suficiente no município, mas o pedido foi rejeitado. Ainda cabe recurso.

Com a negativa, o julgamento segue conforme o cronograma inicial e ocorrerá entre os dias 23 e 25 de abril, sob a presidência do juiz Lucas Dória.

Inclusive a ré  não estave presente no plenário ou salão do júri. O Ministério Público explicou que ela foi intimada a comparecer, mas, pela lei, não é obrigada a estar presente. Ela foi representada pelos seus advogados.

O crime

Roberta Dias tinha 18 anos e estava grávida de três meses quando desapareceu, em 2012, após sair de casa para uma consulta médica em Penedo. Ela foi vista pela última vez em um ponto de ônibus. De acordo com as investigações, a jovem foi sequestrada, asfixiada com um fio de som automotivo e enterrada em uma cova rasa. A ossada da vítima só foi localizada nove anos depois, em 2021, na praia do Pontal do Peba, município de Piaçabuçu.

Segundo o Ministério Público, o crime foi motivado pela recusa de Roberta em interromper a gravidez. O pai do bebê, Saullo Santos — à época com 17 anos — e seus familiares, teriam pressionado a jovem para realizar um aborto. Mary Jane, mãe de Saullo, é apontada como a mentora do assassinato. Karlo Bruno Pereira Tavares e o próprio Saullo teriam executado o crime. Em 2018, a Polícia Federal autenticou um áudio em que Karlo admite sua participação no homicídio.

Veja também: MPAL sustentará a tese de homicídio triplamente qualificado contra acusados de matar Roberta Dias

Os réus

Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares respondem por homicídio triplamente qualificado, aborto provocado por terceiro e ocultação de cadáver. Mary Jane também responde por corrupção de menor, por ter supostamente envolvido seu filho Saullo — então adolescente — na execução do crime.

A acusação está sob responsabilidade do promotor de Justiça Sitael Jones Lemos. A defesa de Mary Jane é feita pelos advogados Fábio Lobo e Alessandro Calazans. Karlo Bruno é defendido por Ricardo Moraes e Arley Vieira.





Fonte: Alagoas 24h

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