segunda-feira, setembro 29, 2025
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Um ano após instalação de estátua, Templo de Lúcifer segue interditado e aguarda decisão judicial


Estátua de Lúcifer tem cerca de 5 metros, pesa uma tonelada e custou R$ 35 mil

No dia 9 de agosto de 2024 foi instalada, em Gravataí, Região Metropolitana de Porto Alegre, a estátua de Lúcifer, marco que antecedeu a criação da Nova Ordem de Lúcifer na Terra. Um ano depois, o templo situado no mesmo terreno permanece interditado por decisão judicial, e os membros da ordem seguem aguardando uma definição sobre o futuro do espaço….

No dia 9 de agosto de 2024 foi instalada, em Gravataí, Região Metropolitana de Porto Alegre, a estátua de Lúcifer, marco que antecedeu a criação da Nova Ordem de Lúcifer na Terra. Um ano depois, o templo situado no mesmo terreno permanece interditado por decisão judicial, e os membros da ordem seguem aguardando uma definição sobre o futuro do espaço.

Segundo o Mestre Lukas de Bará da Rua, um dos representantes da ordem, o grupo continua impedido de realizar atividades no sítio onde está a estátua de cinco metros com a imagem de Lúcifer.

Ele destaca que, mesmo sem acesso ao santuário, as atividades da ordem não pararam.

“Aumentou o número de membros nesse período. Inclusive, teremos uma formatura de passagem de grau. As movimentações continuam acontecendo”, comenta Mestre Lukas.

 

Durante o último ano, os encontros da ordem ocorreram em outros templos e até nas casas de membros. Além disso, o grupo participou de seminários sobre intolerância religiosa e promoveu ações sociais, como campanhas de entrega de alimentos.

O templo, construído na cidade, seria inaugurado no ano passado, o que foi proibido por decisão judicial, que apontou falta de licença para funcionar como templo religioso.

Justiça mantém interdição

De acordo com informações obtidas com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, a interdição do templo foi confirmada em sentença proferida em dezembro de 2024, com trânsito em julgado em março de 2025. Ou seja, a decisão se tornou definitiva e não cabe mais recurso nesse processo.

Paralelamente, os responsáveis pelo templo ingressaram com um mandado de segurança em fevereiro de 2025, tentando reverter a interdição. No entanto, a liminar foi negada e o processo segue em tramitação, aguardando manifestação da autoridade coatora.

O mandado de segurança é um tipo de ação usada quando alguém acredita que teve um direito líquido e certo violado por uma autoridade pública, e quer que a Justiça corrija isso.

Apesar da interdição, o Mestre Lukas afirma que a estátua de Lúcifer permanece no terreno.

Estátua de Lúcifer erguida em Gravataí pesa uma tonelada e custou R$ 35 mil — Foto: Mestre Lukas de Bará da Rua/DivulgaçãoEstátua de Lúcifer erguida em Gravataí pesa uma tonelada e custou R$ 35 mil — Foto: Mestre Lukas de Bará da Rua/Divulgação

Com o pedestal, o monumento chega a cerca de 5 metros de altura. A imagem fica em um santuário dedicado à divindade.

A imagem pesa uma tonelada e custou R$ 35 mil, pagos por integrantes da Nova Ordem de Lúcifer na Terra. Mestre Lukas afirma que a estátua deve contar com uma iluminação especial depois de inaugurada.

A imagem de Lúcifer foi produzida em cimento por um ateliê, e segundo o religioso, retrata a dualidade do homem humano e do esqueleto, com pés e asas, representando o espírito da divindade. Mestre Lukas afirma ter sonhado com a imagem para concebê-la. O projeto contou com o apoio de um engenheiro.

“Para nós é algo sagrado. Eu tenho uma história de 21 anos dentro da religião. A gente tem feito um trabalho de conscientização, para demonstrar a força que a nossa religião tem”, comenta.

 

O espaço fica na área rural de Gravataí, município a 31 km de Porto Alegre. A localização do santuário é mantida sob sigilo por dois motivos:

  • o local é destinado a pessoas já iniciadas na fé;
  • há uma preocupação com a segurança dos seguidores, visto que os religiosos afirmam que já sofreram ameaças e questionamentos sobre as práticas da religião.

Além das reuniões da ordem, os integrantes também se juntam em grupos de estudo, que acontecerão na propriedade onde a estátua foi erguida. Participam da ordem somente pessoas indicadas por quem já é membro.

“Nosso principal objetivo é que a gente consiga desmistificar o culto. Abrir espaço pra debates, fazer alguns rituais para trazer energias ancestrais pra dentro de nós”, descreve Mestre Lukas.

 

Lúcifer, para os membros da ordem, significa a “luz do conhecimento”, explica o religioso.

A Nova Ordem de Lúcifer na Terra (N.O.L.T.) foi oficializada pelos fundadores do templo no último ano.

De acordo com o Mestre Lukas de Bará da Rua, o noltismo tem dogmas próprios, prega o culto aos demônios e uma nova interpretação da espiritualidade luciferiana.

Os seguidores são chamados de noltistas ou daimomantes, termo derivado da união entre daimon (entidade espiritual interior) e amantia (estado de entrega ritual), explica Lukas.

“O noltismo não é apenas mais um movimento. É agora uma religião e uma casa simbólica para os que caminham com o Lúcifer vivo. E todos estarão convidados a entrar”, afirma o religioso.


Apesar de estar associado ao diabo e ao “mal”, o nome de Lúcifer é, para os noltistas, uma “manifestação simbólica de transformação, conhecimento e libertação”.

“Para nós, Lúcifer é um deus que, assim como tantos outros, foi demonizado pela Igreja Católica. Lúcifer é o portador da luz, do autoconhecimento. O noltismo não acredita em bem ou mal como valores morais fixos, mas em energias, intenções e forças que devem ser canalizadas”, comenta.

Mestre Lukas ao lado do monumento de Exú, também erguido em Gravataí — Foto: Reprodução/Facebook

Mestre Lukas ao lado do monumento de Exú, também erguido em Gravataí — Foto: Reprodução/Facebook

Natural de Gravataí, Mestre Lukas de Bará da Rua é um mestre de quimbanda independente e trabalha com cartas e búzios negros. Em maio do último ano, o religioso atuou na criação de um monumento dedicado a Exu no município. (veja foto acima)

Lukas conta que decidiu fundar a ordem para poder trabalhar com as figuras de demônios.

“A gente resolveu tratar fora da casa [de quimbanda] porque existe um preconceito muito grande quando se fala de demônios”, diz.





Fonte: Alagoas 24h

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