Instituto Médico Legal (IML) do Acre ajuda na busca de pessoas desaparecidas — Foto: Jhenyfer de Souza g1 Acre
“Esse menino eu criei só. Me separei da mãe dele e sempre corri atrás, deixava com a avó para poder trabalhar, mas estava sempre junto. Quando ele saiu de perto, foi muito sofrido. Fiquei muitas noites sem dormir.” Aos 47 anos, o zelador Edson Elias Souza sonha em reencontrar o filho Edimar Silva de Souza,…
“Esse menino eu criei só. Me separei da mãe dele e sempre corri atrás, deixava com a avó para poder trabalhar, mas estava sempre junto. Quando ele saiu de perto, foi muito sofrido. Fiquei muitas noites sem dormir.”
Aos 47 anos, o zelador Edson Elias Souza sonha em reencontrar o filho Edimar Silva de Souza, de 23, que saiu de casa em 2019 dizendo que iria trabalhar em uma fazenda e sumiu. O jovem não deu detalhes de onde estava e, desde então, a família não tinha notícias, até que o tio do rapaz recebeu uma ligação informando que ele estaria em Brasília.
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Com essa informação, Edson procurou o Instituto Médico Legal (IML) de Rio Branco, que entrou em contato com o IML da capital federal. Depois de anos de incertezas, veio a confirmação de que o jovem está preso na cidade. Não se sabe o motivo da prisão.
“Quando ligaram para o tio dele, pensei que era ele [Edimar]. Mas apenas [me] disseram que estava preso, sem explicar o motivo. Depois disso, foi só angústia pois não sabíamos como confirmar se era verdade”, lembrou o zelador.
O pai contou ainda que antes de deixar Rio Branco, o filho ligou rapidamente apenas para avisar que estava partindo. “Um dia ele me ligou e disse que ia para uma fazenda. Perguntei onde era, mas a ligação estava ruim. Ele respondeu de forma estranha, disse que depois retornava e não deu detalhes”, relembrou Edson.
Nos anos seguintes, a família viveu apenas de especulações. Houve quem dissesse que o jovem já estaria morto. O pai chegou a imaginar até um sequestro.
Filho de Edson e Marilza Carneiro, o jovem sempre demonstrou interesse pela vida no campo. Ainda adolescente, começou a trabalhar no meio rural, mas até então nunca havia deixado o Acre.
Os anos se passaram e, quatro anos após o sumiço, em 2023, Edimar fez uma chamada de vídeo com o pai. “Ele me ligou por vídeo, mas estava super estranho. Disse que estava solto e ao redor dele tinha muita gente. Acho que pode ter sido de dentro da prisão”, explicou.
Esperança
Com a confirmação recente de que o rapaz está vivo, o zelador disse que ainda está em choque com a prisão, mas que ao mesmo tempo sente alívio.
“É um choque grande, porque ele nasceu e se criou aqui, nunca tinha saído. Agora sei que ele está vivo e espero que possa entrar em contato. O número da nossa família é o mesmo, se ele quiser voltar ao Acre, vamos fazer de tudo para trazer ele de volta. É um alívio”, disse.
Edson também deixou um recado a quem passa pelo mesmo drama da dúvida do desaparecimento. “O que eu falo é não desistam. Procurem uma delegacia, procurem o IML. Eu tive resposta rápida, em menos de duas semanas. Se a pessoa não for atrás, não acontece nada. Eu não desisti”, completou.
Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas
Desde agosto deste ano, o Acre passou a integrar o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, uma plataforma do Ministério da Justiça que unifica dados para facilitar buscas em todo o país. O sistema cruza informações públicas, sigilosas e genéticas e já reúne dados de diversos estados.
Segundo o diretor do Instituto de Identificação, Júnior César, não é necessário esperar 24 horas para registrar o desaparecimento.
“Assim que sentir falta de um ente querido, a orientação é procurar a delegacia mais próxima e registrar. Esse registro vai para um banco de dados que funciona como um radar. Se a pessoa der entrada em um pronto-socorro ou unidade prisional, somos acionados para fazer a identificação”, explicou.
O secretário de Justiça e Segurança Pública do Acre, José Américo Gaia, também reforçou que o sistema permite integração com outros estados.
“A unidade responsável pelo desaparecido entra em contato com o estado de origem, é feita a baixa e a comunicação à família. As câmeras de segurança com reconhecimento facial também ajudam na identificação e até na prisão de foragidos”, disse.
Um dos casos de desaparecimento no Acre solucionado com a ajuda da plataforma foi o de Mateus Lima da Silva, desaparecido desde 2022. O jovem deu entrada no pronto-socorro de Rio Branco em agosto deste ano e foi identificado pelas impressões digitais.