domingo, setembro 28, 2025
spot_img

Caso Gabriel Lincoln: Polícia Civil conclui inquérito e indicia policiais militares


Gabriel Lincoln Pereira da Silva tinha 16 anos

A Polícia Civil de Alagoas concluiu, nesta sexta-feira, 22, o inquérito policial que apurou as circunstâncias da morte do adolescente Gabriel Lincoln, de 16 anos, ocorrido durante uma abordagem policial na cidade de Palmeira dos Índios em maio deste ano. A investigação resultou no indiciamento de todos os policiais militares envolvidos no caso. Segundo o…

A Polícia Civil de Alagoas concluiu, nesta sexta-feira, 22, o inquérito policial que apurou as circunstâncias da morte do adolescente Gabriel Lincoln, de 16 anos, ocorrido durante uma abordagem policial na cidade de Palmeira dos Índios em maio deste ano. A investigação resultou no indiciamento de todos os policiais militares envolvidos no caso.

Segundo o delegado Sidney Tenório, responsável pela comissão de investigação, o sargento da guarnição foi indiciado por dois crimes: homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e fraude processual. Os outros dois policiais militares que acompanhavam o sargento na viatura também foram indiciados por fraude processual. A acusação de fraude processual está relacionada à manipulação de provas e à apresentação de informações falsas durante a investigação.

Leia também: Caso Gabriel Lincoln: Familiares de adolescente morto se reúnem com a SSP

A conclusão do inquérito foi embasada por uma série de diligências, que incluíram exames periciais rigorosos, como a constatação de DNA e resíduo gráfico, além de uma reprodução simulada do ocorrido.

ACOMPANHE AS NOTÍCIAS DE ALAGOAS NO INSTAGRAM

Tenório explicou que a arma apresentada pelos policiais militares como sendo de posse de Gabriel Lincoln não era, de fato, do adolescente, confirmando a versão da família, que sempre negou a acusação de que Gabriel estivesse armado.

Já o disparo que causou a morte do adolescente, segundo a investigação, foi classificado como acidental. O delegado ressaltou que, embora o tiro tenha sido acidental, a conduta dos policiais militares durante a abordagem e a manipulação das evidências geraram os indiciamentos.

Veja mais: Gabriel Lincoln: reprodução simulada confronta versões de ação policial em morte de adolescente

A Polícia Civil, após concluir o inquérito, encaminhou o caso para o Poder Judiciário, que, por sua vez, abrirá vistas ao Ministério Público. Cabe agora ao MPAL decidir se aceita ou não a denúncia contra os policiais envolvidos na abordagem.

“Depois de uma vasta investigação, que contou inclusive com exames careciais como constatação de DNA, bem como de resíduo gráfico, reprodução simulada, constatamos que o disparo foi acidental, mas também que a arma que foi apresentada pelos policiais militares não era de posse do adolescente. O caso foi encaminhado já para o Poder Judiciário, que vai abrir vistas ao Ministério Público”, explicou o delegado.

Entenda o caso

Na noite do sábado, 3 de maio de 2025, o adolescente de 16 anos, identificado como Gabriel Lincoln Pereira da Silva, faleceu após uma perseguição policial em Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas.

De acordo com as primeiras informações, Gabriel teria sido visto realizando manobras perigosas com uma  motocicleta na avenida Bráulio Montenegro. Ao notar a aproximação de uma guarnição do Pelotão de Operações Especiais (Pelopes), ele teria desobedecido às ordens de parada, iniciando uma fuga pelas ruas da cidade.

A versão da polícia afirma ainda que, durante a perseguição, o adolescente sacou um revólver calibre .38 e disparou contra a viatura. Em resposta, os agentes efetuaram disparos, resultando em Gabriel sendo atingido. Ele foi imediatamente socorrido pelos próprios policiais e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, mas não sobreviveu aos ferimentos.

Ainda segundo os militares, uma arma teria sido apreendida no local da ocorrência. O laudo da necropsia aponta que o adolescente foi atingido um único disparo pelas costas, que perfurou o pulmão e o coração.

A família do jovem contesta a explicação apresentada pela Polícia Militar desde o início. Eles alegam que  foram impedidos de acompanhar o atendimento médico e de obter informações sobre o estado de saúde do menor.

Leia também: Investigação sobre morte de Gabriel Lincoln busca esclarecer pontos cruciais; saiba o que ainda está em aberto

Ainda segundo eles, o jovem estava trabalhando com os pais no quiosque de lanches e saiu para comprar alface quando o desfecho triste aconteceu.

A Polícia Civil iniciou as investigações do caso oficialmente na segunda-feira seguinte (5), mesmo dia em que o corpo do menor foi velado na casa da avó e enterrado sob grande comoção.

Em determinado momento, os rituais fúnebres precisaram ser interrompidos por alguns minutos para realização de perícia por parte de integrantes da Polícia Científica de Alagoas. O local foi esvaziado para que os peritos realizassem exames técnicos, incluindo o residuográfico, uma vez que a Polícia Militar alega que o adolescente atirou contra a guarnição durante uma perseguição.

O procedimento foi considerado anormal por familiares, sobretudo, porque o pai do adolescente já havia relatado que este mesmo exame foi negado pelo Instituto Médico Legal de Arapiraca, mesmo após pedido do advogado da família, sob a alegação de que o corpo já havia sido limpo.

Leia mais: Sepultamento de adolescente morto pela PM é marcado por pedidos de Justiça

A investigação foi conduzida por uma comissão de delegados, que realizou as oitivas com cerca de 15 pessoas, entre testemunhas, familiares, moradores da região e os policiais envolvidos que foram afastados das ruas e realocados para funções administrativas.

Fizeram parte dela os delegados Alexandre Leite, da Diretoria de Polícia Judiciária 3 (DPJ3), Sidney Tenório, diretor da DPJ1, e João Paulo Tenório, coordenador da DH da 5ª Região.

Imagens de câmeras de segurança auxiliaram nas investigações.

Veja mais matérias sobre o caso:

Caso Gabriel Lincoln: Família realiza nova manifestação em frente ao CISP de Palmeira

Novo vídeo mostra momento da perseguição policial que resultou na morte de adolescente

Investigação sobre morte de Gabriel Lincoln busca esclarecer pontos cruciais; saiba o que ainda está em aberto

Caso Gabriel Lincoln: MPAL pede histórico de guarnição que atirou em menor durante abordagem

Caso Gabriel Lincoln: Família realiza nova manifestação em frente ao CISP de Palmeira

Caso Gabriel Lincoln: Em reunião, SSP-AL garante à família comissão de delegados para apuração dos fatos

PC inicia investigações sobre morte de adolescente durante intervenção policial





Fonte: Alagoas 24h

Leia Também

- Publicidade -spot_img

ÚLTIMAS NOTÍCIAS