sexta-feira, junho 20, 2025
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‘Cochilódromo’: cápsula da soneca dá a chance de dormir por alguns minutos em meio ao caos


A cabine do cochilódromo fica em lugares de concentração de escritórios. — Foto: Edson Valente/g1

Você teve uma péssima noite de sono e de repente, no meio do dia cheio de compromissos, bate aquela vontade irresistível de dormir por pelo menos 15 minutos. Então, para espantar a moleza, sai do escritório em busca de um café e um pouco de ar fresco e se depara com uma cápsula feita exatamente…

Você teve uma péssima noite de sono e de repente, no meio do dia cheio de compromissos, bate aquela vontade irresistível de dormir por pelo menos 15 minutos. Então, para espantar a moleza, sai do escritório em busca de um café e um pouco de ar fresco e se depara com uma cápsula feita exatamente para as pessoas tirarem um cochilo.

Parece um sonho? Pois é pura realidade. Quem vive no agito da cidade às vezes precisa de uma pausa – mesmo em pleno horário comercial.

Surgiu, assim, o cochilódromo – uma cabine instalada em espaços da capital que concentram escritórios. Nessa espécie de cápsula de sono, testada pelo g1, é possível tirar uma pestana de 15 minutos ou de meia hora, dependendo da quantidade de bocejos do usuário. Cada minuto custa R$ 1.

Escolhido para assumir essa missão tão invejada – dormir durante o expediente –, confesso que mal preguei o olho na noite anterior ao dia da reportagem. Estava ansioso para conhecer um serviço tão peculiar.

cochilo precisa ser com hora marcada, reservado pelo aplicativo da empresa – que, no caso, se chama, bem apropriadamente, Cochilo. A cabine fica em uma área externa e coberta do Shopping JK Iguatemi, na Zona Sul. Segundo a sócia-fundadora do negócio, Alicia Jankavski, de 58 anos, ao menos mais uma unidade deve ser aberta ainda neste ano, em outro ponto da capital.

Alicia conta que a ideia do projeto surgiu 15 anos atrás, quando seu marido e sócio, Marcelo, quis cochilar em um shopping de São Paulo para esperar a hora de uma reunião de trabalho. “Ele tentou repousar no carro, no estacionamento do local, mas o segurança o abordou dizendo que era proibido”, diz. Dois anos depois, em 2012, lançaram seus primeiros “cochilódromos”.

As cabines, de fabricação própria, se multiplicaram pela metrópole – chegaram a somar 48 unidades, que fecharam por conta da pandemia. A unidade no JK Iguatemi marca o recomeço da empreitada.

Há mesmo um quê de onírico na experiência. Segundos depois de fechar a porta e me isolar do ambiente exterior – literalmente, porque a estrutura tem isolamento acústico e nenhum contato visual com o lado de fora –, a iluminação comum se apagou e foi acionada uma lâmpada ultravioleta, acondicionada embaixo da cama.

A escolha desse tipo de luz, segundo Alicia, se deu por suas propriedades higienizadoras. Como efeito adicional, provoca um certo torpor, benéfico para a tarefa de cochilar.

Em relação à cama, o leito não é reto; seu desenho é um “S” suave, confortável. Mas não há fronha no travesseiro, nem um cobertorzinho para amenizar o efeito do ar-condicionado – que eu poderia ter desligado, até porque já estava frio do lado de fora em tarde de outono paulistano.

O barulho do aparelho também incomodou um pouco, e acabei não acionando o sistema de som da cabine, que seria via celular, através da leitura de um QR Code disponibilizado em um aviso na parede bem ao lado da cama.

A largura do leito não é exatamente generosa. Acomodou-me quase no limite: sou um homem de 1,80 m de altura e peso 90 kg. Mas não se esqueçam de que estamos falando de um cochilo, e é muito melhor tirá-lo em um lugar próprio para ele – ainda que o conforto não seja “king size”.

Lembrete para quem for usar a cabine: guarde o celular. Eu reservei 15 minutos para o cochilo, mas boa parte do tempo gastei no smartphone – isso porque estava a trabalho, registrando o local e as sensações decorrentes da experiência. Um quarto de hora passa voando e não cochilei. Mal pisquei os olhos, e o despertador tocou.

Por sinal, não é um despertador tradicional. A iluminação normal volta e se alterna com a ultravioleta enquanto o colchão treme, dando até uma sensação gostosa de vibração massageadora.

Há outra possibilidade de interpretação para o encerramento do cochilo. Pode ser um chacoalhão para a realidade que não parou lá fora. O “cochilódromo” parece mesmo uma cápsula de suspensão da vida cotidiana característica de São Paulo.

A cabine do cochilódromo fica em lugares de concentração de escritórios. — Foto: Edson Valente/g1

A cabine do cochilódromo fica em lugares de concentração de escritórios. — Foto: Edson Valente/g1

Detalhes de como garantir seus minutos de cochilo na cápsula — Foto: Cíntia Acayaba/g1Detalhes de como garantir seus minutos de cochilo na cápsula — Foto: Cíntia Acayaba/g1





Fonte: Alagoas 24h

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