Após a repercussão de declarações polêmicas feitas por Baby do Brasil durante um culto realizado na boate D-EDGE, em São Paulo, na segunda-feira, 10, o dono do estabelecimento, Renato Ratier, se manifestou publicamente. A cantora e pastora evangélica causou controvérsia ao pedir que as vítimas de abusos sexuais, incluindo casos dentro da família, perdoassem seus agressores.
A fala gerou desconforto entre os presentes e nas redes sociais, levando Ratier a esclarecer sua posição.
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Em um comunicado compartilhado no Instagram, Renato Ratier, afirmou ser “absolutamente contra qualquer tipo de abuso e discriminação” e que todo crime deve ser denunciado e apurado.
Ele destacou que as falas de Baby do Brasil não condizem com seus valores nem com os princípios do D-EDGE. Ratier também explicou que a cantora havia sido convidada de última hora para a pregação e que suas palavras não refletiam a proposta do evento ou da casa de shows, conhecida por seu apoio à diversidade e inclusão.
Fato isolado
Ratier ressaltou que o culto realizado foi uma exceção isolada e que, a partir de agora, o D-EDGE manterá sua programação voltada à música eletrônica, que caracteriza o espaço. Ele também frisou que o D-EDGE não será mais palco de cultos ou pregações religiosas, deixando claro que o foco da boate continuará sendo o acolhimento da comunidade LGBTQIAPN+ e a liberdade de expressão.
Em seu pronunciamento, Ratier repudiou qualquer tentativa de minimizar o sofrimento das vítimas de abusos e reafirmou seu compromisso com a promoção de um ambiente de respeito e inclusão. Ele também afirmou que está em diálogo com Baby do Brasil e outros convidados para que possam se manifestar sobre as declarações, garantindo que elas não representem seus próprios valores ou os da boate.
“Se teve Abu50 s3xual? Perdoa!
Se foi da família? Perdoa!”DO BRASIL, Baby (2025) 🤢 pic.twitter.com/GYW9oNrVCW
— COBAT (@artcobat) March 11, 2025
Confira a seguir o pronunciamento completo de Renato Ratier:
“Na última segunda-feira, 10 de março, realizei pela primeira vez um culto no D-EDGE em São Paulo para promover o amor, o respeito e a transformação. Durante o evento, algumas falas isoladas repercutidas não condizem com o que eu acredito e é sobre isso que eu gostaria de esclarecer.
Antes de mais nada, quero expressar meu profundo respeito a todas as pessoas que foram atingidas por declarações de terceiros durante o culto e reafirmar os valores que sempre guiaram minha trajetória. Jamais foi minha intenção ferir ou desrespeitar qualquer pessoa.
Minha intenção ao abrir as portas do D-EDGE para esse culto foi criar um espaço de conexão, acolhimento e fé.
Infelizmente, algumas falas isoladas de convidados vão contra aquilo que acredito. Deixo claro que sou absolutamente contra qualquer tipo de abuso e discriminação e que todo crime deve ser denunciado e apurado.
Entendo a gravidade das palavras que foram ditas, não por mim, mas por um convidado chamado a falar de última hora sem o meu consentimento. Estou conversando com a Baby do Brasil e os outros para justificarem suas falas publicamente, já que elas não refletem meus valores nem os do D-EDGE.
Sempre defendi que a justiça deve ser feita e que nenhum tipo de violência pode ser minimizada ou tolerada. Este é um problema grave que exige uma resposta contundente e a implementação de políticas públicas que protejam as vítimas e punam os agressores.
Também quero reforçar que não acredito na chamada “cura gay” – essa ideia não existe e jamais fez parte dos meus valores. Minha trajetória sempre esteve pautada no respeito e no apoio à comunidade LGBTQIAPN+, algo que se reflete, inclusive, na programação do próprio D-EDGE, que sempre abriu espaço para a diversidade.
Importante ressaltar que o D-EDGE não alterou sua proposta. O evento do culto foi uma exceção isolada e não irá mais acontecer. A casa continua com suas atividades normais, oferecendo a cada noite um espaço de música eletrônica, como sempre fez ao longo dos seus 25 anos de história.
Além disso, acredito na liberdade de crença e no direito de cada um expressar sua fé, independentemente da religião, desde que isso não fira, humilhe ou desrespeite outras pessoas. O respeito às diferenças sempre foi um pilar essencial na minha caminhada, tanto na música quanto na vida.
Quero, mais uma vez, reforçar que a minha intenção jamais foi gerar qualquer tipo de discurso que pudesse causar sofrimento, especialmente para aqueles que já sofreram abusos ou qualquer outro tipo de violência.
Estou comprometido em continuar a promover um ambiente de respeito, inclusão e acolhimento, que sempre foram os pilares da minha trajetória.
Todo o meu amor e respeito a todos.”
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