sexta-feira, setembro 26, 2025
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Drama vivido por uma dona de casa mostra a importância da doação de órgãos


Marco Antônio / Ascom Sesau

A vida da dona de casa Vera Lúcia de Oliveira, de 50 anos, moradora de Maceió, mudou drasticamente após complicações de saúde que afetaram sua visão. Mãe de três filhos, sendo dois sob seus cuidados, ela descobriu em 2024 que precisava de um transplante de córnea, depois de enfrentar problemas decorrentes de um herpes-zóster, popularmente…

A vida da dona de casa Vera Lúcia de Oliveira, de 50 anos, moradora de Maceió, mudou drasticamente após complicações de saúde que afetaram sua visão. Mãe de três filhos, sendo dois sob seus cuidados, ela descobriu em 2024 que precisava de um transplante de córnea, depois de enfrentar problemas decorrentes de um herpes-zóster, popularmente conhecido como “cobreiro”.

“Comecei com o problema de cobreiro no ouvido, só que depois o meu olho começou a ficar lacrimejando e eu não sabia que a causa era o problema no ouvido. Fiz tratamento com um otorrino, e fui informada que precisava de uma cirurgia. Quando procurei o oftalmologista, eu já só estava vendo vultos”, explica a dona de casa.

Ela ainda passou por duas cirurgias de catarata, mas apenas um dos olhos recuperou parcialmente a visão. “Do direito eu fiquei bem, mas do esquerdo eu não voltei a enxergar. Até o final do ano eu não sentia dor. Mas depois o médico me informou que o problema do cobreiro prejudicou a córnea, e que eu precisava de um transplante. Hoje não tem um dia em que eu não sinta dor”, desabafa.

Em meio ao sofrimento, Vera Lúcia faz um apelo às famílias sobre a importância da doação de órgãos. “Eu queria pedir a quem puder, que não negue a doação de órgãos. Eu vivo em um sofrimento muito grande. Só sabe quem passa. Vivo 24 horas com dor. Você, familiar, que pode autorizar a doação de órgãos de um ente querido que partiu, não pense duas vezes. Há muitas pessoas que vivem como eu, sofrendo, e que poderiam ter suas vidas modificadas, com o gesto nobre da doação”, diz emocionada.

Decisão Familiar

A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, reforça que doar é um gesto de esperança e que depende da decisão da família. “As pessoas têm um poder muito grande de mudar a vida de outras pessoas pela decisão. Porque a doação de órgãos na nossa legislação nacional só permite com autorização familiar. Então é importante que a gente decida que após a nossa morte a gente quer continuar salvando vidas. É tão importante comunicar essa decisão para a nossa família”, explica.

Hoje, em Alagoas, 562 pessoas aguardam por um transplante de córnea, além de três pessoas estarem na fila por um fígado, quatro por um coração e 24 por um rim. A lista de espera é única, organizada por Estado ou região, e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Ainda segundo Daniela Ramos, é nesse momento de dor que pode surgir uma oportunidade de transformar vidas. “Tem muitas pessoas que precisam de uma chance para continuar vivendo, sobrevivendo e até melhorando a qualidade de vida. E no caso de Dona Vera, que espera por um transplante de córnea, a nossa maior fila é justamente desse tipo de transplante”, ressalta.

O secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, salienta que a doação de órgãos e tecidos, muitas vezes, é a única esperança de vida ou a chance de recomeço para quem espera. Por isso, a decisão de cada família pode significar o fim do sofrimento para milhares de pessoas.

 

“O Ministério da Saúde orienta que, após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada sobre o processo de doação de órgãos e tecidos. A morte de um ente querido é sempre uma situação difícil para toda a família, mas é justamente nesse momento de perda que o sofrimento pode ser transformado em um ato de esperança ao dar uma nova vida para pessoas que aguardam em lista de espera por um transplante de órgãos. Doe órgãos, doe vida. A sua decisão pode salvar a vida e retirar a dor de muitas famílias”, disse o gestor estadual da saúde.

 

 

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), no Brasil, a retirada de órgãos só pode ser realizada após autorização familiar. Assim, mesmo que uma pessoa tenha dito em vida que gostaria de ser doador, a doação só acontece se a família autorizar. Dessa maneira, se a família não autorizar a doação, os órgãos não serão retirados e a oportunidade da realização dos transplantes, tirando pessoas das listas e devolvendo a vida ou a qualidade de vida, será perdida.





Fonte: Alagoas 24h

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