sábado, junho 21, 2025
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Jovem tem AVC aos 19 anos após Enem


A estudante de medicina Nicole Miquilini, de 22 anos, foi submetida a uma série de exames para descobrir o que causou seu AVC isquêmico. Três anos após o episódio, o motivo ainda não foi desvendado

A estudante de medicina Nicole Miquilini, de 22 anos, sofreu um AVC isquêmico aos 19 após fazer a prova do Enem. Ela perdeu todos os movimentos do lado direito do corpo, precisando passar por um processo intenso de reabilitação para voltar a viver. Apesar dos inúmeros exames a que foi submetida, ainda não se sabe a causa do acidente vascular cerebral.

Miquilini relata que tudo começou no dia 28 de novembro de 2021, quando fez a segunda etapa do Enem. Ela mora em São Paulo (SP) e seus pais são de Cajati, no interior do estado, mas vieram para a capital acompanhá-la no vestibular.

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Já em casa após a prova da filha, os pais e o irmão da estudante foram descansar enquanto ela ficou assistindo a uma série até alta madrugada. Na manhã seguinte, os pais foram embora.

“Quando foi 6h30, resolvi levantar para ir dormir porque estava meio zonza e com a visão meio turva. Levantei do sofá e caí. Tentei ficar de pé mais duas vezes e não consegui. Agarrei uma almofada que estava em cima do sofá, coloquei no chão e decidi dormir ali mesmo”, relata.

Miquilini conta que, na cabeça dela, parecia um pensamento bastante lógico dormir no chão. No entanto, ela começou a chorar ao sentir sua cabeça confusa e por não conseguir pegar no sono.

Quando seu irmão acordou e disse para ela deitar na cama, a jovem percebeu que não conseguia mais falar. O caçula ligou para os pais, informou que havia algo de errado com a irmã e também recorreu a pessoas da escola, localizada ao lado de onde moravam.

Funcionários do colégio chamaram a ambulância para a aluna. Quando colocaram Miquilini na maca, ela apagou.

O processo de entender que se teve um AVC
A estudante de medicina acordou na enfermaria do hospital e viu seus pais conversando com um médico. De longe, observou sua mãe desmaiar ao ser comunicada que a filha tinha tido um AVC. “Me perguntei por que ela desmaiou se eu só estava passando mal. Não conseguia assimilar”, relata.

Miquilini passou por uma cirurgia de emergência chamada trombectomia para remover os coágulos do cérebro que estavam bloqueando o fluxo sanguíneo de uma artéria cerebral e, consequentemente, do cérebro.

“Ao acordar na UTI, eu ainda estava sem saber o que estava acontecendo. Mas foi onde eu percebi que não sentia a parte direita do meu corpo, desde abaixo do nariz até os pés. Percebi também que não conseguia falar. Eu entendia o que os outros diziam, mas não me expressava”, relata.

Foi por volta do quarto dia na unidade de terapia intensiva que Miquilini entendeu que tinha tido um AVC isquêmico. Ela começou a fisioterapia e as sessões com a fonoaudióloga ainda no hospital.

Simultaneamente, a estudante de medicina foi submetida a uma série de exames para tentar descobrir a causa do acidente vascular cerebral. No entanto, até hoje, não se sabe o que o ocasionou.

O processo de reabilitação
“Fiquei 14 dias na UTI, sendo sete em estado gravíssimo e sete em estado estável. No 15°, eu subi para o quarto, onde fiquei até o 26° dia”, conta.

Miquilini recebeu alta no dia 24 de dezembro. Já no dia 1 de janeiro de 2022, ela iniciou um processo intenso de reabilitação em um hospital particular de São Paulo.

“Era todos os dias, de segunda a sexta. Eu fazia fisioterapia e depois terapia ocupacional direto. Quando comecei a reabilitação, pensei que nunca mais voltaria a dançar, algo que faço desde os dois anos. Lá, eles me fizeram acreditar que era possível”, reflete.

Por meio da fisioterapia, a estudante de medicina foi recuperando desde os movimentos básicos até os que permitiram que ela voltasse a dançar por diversão e praticar outras atividades físicas como natação e futvôlei.

Simultaneamente, ela ingressou na faculdade de medicina, e intensificou a reabilitação para acompanhar a graduação.

“Atualmente, eu faço reabilitação para basicamente as mesmas coisas de SP, mas muito mais leve. Principalmente em relação à mão direita, a fisio faz eu reproduzir o que preciso nas aulas práticas para vermos onde preciso focar”, relata.

Miquilini está cursando matérias voltadas à cirurgia e conta que está se saindo muito bem, principalmente olhando tudo que teve que passar para chegar onde está.

AVC isquêmico em jovens: o que é e sintomas
“O AVC isquêmico é a obstrução de uma das artérias que leva sangue para o cérebro, impedindo a chegada do oxigênio para a região. Se isso não for revertido, ocorre a morte cerebral do tecido que era irrigado por essa artéria”, explica o neurologista Gustavo Ramos de Lima, do Hospital 9 de Julho.

Os sintomas do AVC isquêmico variam de acordo com a área cerebral afetada. No entanto, Lima cita os mais comuns:

Perda de sensibilidade e força de um lado do corpo;
Fala mais enrolada;
Dificuldade para compreender e/ou falar;
Perda de metade do campo visual dos dois olhos;
Tontura súbita e persistente;
Rebaixamento do nível de consciência.

A dor de cabeça não é um sintoma comum quando o AVC é isquêmico, mas ela pode acontecer ainda assim.

“Levando em conta que as principais causas do AVC são fatores cardiovasculares, um estilo de vida saudável é a melhor forma de prevenção, com uma dieta balanceada, atividade física regular, controle da pressão arterial e diabetes quando presente, e evitar o tabagismo”, enumera o neurologista.

Redobrar os cuidados com o descanso também é fundamental. “A apneia do sono é um fator de risco cardiovascular, pré-dispõem eventos como infartos cardíacos e AVCs. Ela merece ser investigada e tratada, principalmente quando grave”, completa o especialista.

Por que os jovens estão tendo cada vez mais AVC?
Nas redes sociais, cada vez mais casos como o de Miquilini ganham destaque, e não por acaso. Desde a década de 1980, o AVC tem sido associado com mais frequência aos jovens. O DataSus mostra que, entre 1998 e 2007, as internações ocasionadas pelo acidente vascular cerebral aumentaram 64% entre os homens e 41% entre as mulheres na faixa etária de 15 a 34 anos.

Entre 2000 e 2010, 62 mil brasileiros com menos de 45 anos faleceram em decorrência de acidente vascular cerebral.

Segundo Lima, a incidência de pessoas mais jovens com AVC se dá por uma soma de fatores como a população ter uma alimentação baseada em ultraprocessados com altos índices glicêmicos e de gordura, o que é um fator de risco cardiovascular importante.

“Temos também uma rotina bem intensa. Não é todo mundo que consegue manter uma atividade física regular. Além disso, subestimamos a importância de uma noite de sono, para permitir a recuperação do corpo”, reflete.





Fonte: Alagoas 24h

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