terça-feira, agosto 5, 2025
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Maribondo tenta comprar passagens aéreas, não consegue, mas fecha contrato de R$ 6,6 milhões com consórcio de eventos

Enquanto fracassa repetidamente na tentativa de adquirir bilhetes de passagens aéreas, a Prefeitura de Maribondo, no Agreste de Alagoas, firmou um contrato milionário com um consórcio de empresas de eventos. O valor total: R$ 6.654.256,75 — para serviços que envolvem organização de eventos com hospedagem e buffet.

Três licitações fracassadas para passagens aéreas

De acordo com publicação oficial no Diário dos Municípios, o processo licitatório nº 004.018.140325/2025, que previa o registro de preços para futura aquisição de bilhetes de passagem aérea, foi declarado deserto três vezes. A primeira tentativa ocorreu em 27 de janeiro; a segunda, em 1º de abril; e a terceira, em 25 de abril. Nenhuma empresa demonstrou interesse em fornecer as passagens à administração municipal.

Mesmo com o aparente desinteresse do mercado em um serviço essencial — como a mobilidade de representantes oficiais — a prefeitura não sinalizou uma nova abordagem ou justificativa clara para a ausência de propostas. Por outro lado, não houve entrave algum para a contratação de serviços de buffet e eventos.

Contrato milionário com empresas de eventos

Pouco tempo depois, no processo nº 005.018.070325/2025, a mesma prefeitura celebrou o Contrato nº 024/2025, referente à Ata de Registro de Preços nº 206/2024, com o Consórcio Líder, um agrupamento de seis empresas, todas atuantes na área de eventos, locações e buffet.

O valor chama atenção: mais de R$ 6,6 milhões para serviços que incluem organização de eventos, hospedagem e fornecimento de buffet — itens que, embora previstos em lei, despertam questionamentos diante das prioridades do município.

Entre as empresas que compõem o consórcio estão nomes como:

Padrão Locações e Eventos Ltda (empresa líder)

Buffet Garry Kasparov Ltda

VAS Promoções e Eventos

Muvi Locações de Equipamentos

Entre outras, todas representadas legalmente pela mesma pessoa: Kelly Jackeline Pedrosa dos Santos, também signatária do contrato.

A concentração de representação e o ramo específico de atuação das contratadas levantam dúvidas sobre a amplitude da concorrência e o interesse público real do contrato.

Silêncio sobre prioridades e critérios

A prefeitura não se manifestou publicamente sobre a disparidade entre a dificuldade de realizar licitações básicas — como para compra de passagens — e a celeridade com que fechou um contrato milionário com empresas de eventos. Também não foram divulgadas estimativas públicas de eventos programados, públicos beneficiados ou critérios de medição e fiscalização dos serviços.

Críticas e pedidos de explicação

Moradores e agentes públicos já começam a questionar a real necessidade de um contrato desse porte em um município que enfrenta desafios básicos em infraestrutura e saúde. O Ministério Público de Contas e os vereadores do município são cobrados nas redes sociais a pedir explicações e, se for o caso, instaurar apuração sobre eventuais irregularidades ou excesso de gastos.

Transparência é dever

Com base na Lei nº 14.133/2021, contratos públicos devem prezar por economicidade, necessidade e transparência. Quando faltam passagens para trabalho institucional, mas sobram milhões para eventos e buffets, a pergunta que fica é: quem ganha com isso?

Fonte: Diário Oficial com Na Mira

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