Atriz estava internada na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, e enfrentava a doença desde 2022
Notícia triste. A atriz Lucia Alves, conhecida por papéis marcantes na TV, em tramas como a índia Potira, na primeira versão de “Irmãos Coragem”, a divertida Moema, de “Barriga de Aluguel”, morreu nesta quinta-feira (24), vítima de um câncer no pâncreas. A confirmação veio por nota da Casa de Saúde São José, onde a atriz estava internada.
“A Casa de Saúde São José confirma o falecimento de Lúcia Alves na tarde desta quinta-feira, 24 de abril, aos 76 anos. A paciente estava internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) desde o dia 14 de abril. A instituição se solidariza com os familiares, amigos e fãs da atriz.”
Internada desde o abril, Lúcia lutava contra a doença desde 2022. Ela chegou a ser intubada e sedada, mas não resistiu.
A carreira
Filha do bancário Almir Alves da Silva e da psicóloga Edy Pinheiro Alves, a primeira vontade de Lúcia era seguir a carreira da mãe e dirigir uma escola para crianças com síndrome de Down. Anos mais tarde, nas gravações do seriado “Mulher”, da Globo, Lucia Alves encontraria um ex-aluno da escola, que lhe disse ter sido alfabetizado por sua mãe.
“Carioca da gema”, como diz, acabaria mais tarde se formando pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mas não em psicologia e sim em fonoaudiologia. A troca de uma carreira pela outra foi circunstancial: a Uerj abriu vagas, no meio do ano, para o curso de fonoaudiologia, e Lucia resolveu não esperar pelo ano seguinte.
“Eu sou uma atriz extremamente popular, não sou uma atriz para intelectual. Sou popular mesmo e isso me traz muitos ganhos. Você fica na memória do público”, disse em entrevista à Memória Globo.
Estreia nos palcos e na TV
Ela aconteceu no teatro do Copacabana Palace. Nesse início de carreira, Lucia contracenou com atrizes consagradas, como Henriette Morineau. Já a estria na televisão veio em “Enquanto Houver Estrelas”, na extinta TV Tupi, em 1969.
Em novembro do mesmo ano, ela marcou o início da sua carreira na Globo, dando vida à Geralda, em “Verão Vermelho”. No ano seguinte, interpretou um dos personagens mais marcantes da sua carreira: a índia Potira, na primeira versão da novela “Irmãos Coragem”.
Em seguida, fez “O Homem que Deve Morrer” e atuou em “Bicho do Mato”, em que contracenava com Débora Duarte. Ainda na primeira metade da década de 1970, Lucia participou de “Carinhoso” e “Helena”, baseada no romance homônimo de Machado de Assis – quando assumiu o personagem, papel principal, pouco antes do início das gravações, a pedido do diretor Herval Rossano.
Primeira novela das 6 em cores
Lucia, em 1975, fez a primeira novela das seis em cores do país: “Senhora”, mais um marco na carreira. Depois veio mais um destaque em “O Feijão e o Sonho” e outras tramas.
A atriz começou a década de 1980 com dois personagens que marcaram a sua carreira: Veroca, de “Plumas e Paetês”, e Clarita Catita, de “Jogo da Vida”. Em 1983, Lucia Alves atuou em ‘Eu Prometo’, a última novela de Janete Clair, que morreu sem concluir a trama.
O trabalho seguinte de Lucia Alves veio no sucesso da primeira versão de “Ti-Ti-Ti”. Dois meses após terminada a novela, em 1986, a atriz já estava no ar novamente, na minissérie “Anos Dourados”.
Entre a Globo e a Manchete
Em 1989, Lucia Alves transferiu-se para a extinta Rede Manchete, onde atuou na novela “Kananga do Japão”. No entanto, em 1990, retornou à Globo para fazer mais um trabalho de destaque na trama de “Barriga de Aluguel”, na qual interpretava a divertida Moema, que vivia às turras com o ex-marido, Paulo César, personagem de Wolf Maya.
Lucia lembra que, com o intuito de fornecer material para a trama, deixava mensagens na secretária-eletrônica da autora, Gloria Perez, contando das brigas que tinha com o ex-marido na vida real.
“E ela adaptava, botava lá do jeito dela”, disse ao Memória Globo.
Nos anos seguintes, a atriz dividiu-se entre produções da Globo e da Manchete. Voltou a fixar-se na Globo a partir de 1994, quando atuou em “Tropicaliente”. A última novela na Globo foi Joia Rara, em 2013, quando fez uma participação.
Além das novelas, Lucia atuou em diversos seriados na TV como “Sob Nova Direção”, “Toma Lá Dá Cá”. E fez participações especiais em alguns programas de fim de ano como no de Xuxa e de Renato Aragão. E, conforme ela mesma diz, uma “vastíssima história”.
Apesar da carreira extensa no teatro e na televisão, foi no cinema que ela fez o seu primeiro trabalho como atriz, em 1965, no filme “Um Ramo para Luísa”. A atriz será sempre lembrada por ser uma atriz versátil, divertida e com personagens marcantes nos seus 60 anos de carreira.
