sábado, setembro 27, 2025
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Paciente com câncer registra em delegacia desaparecimento de guias de orixás em hospital no Rio


Tainá Santos da Paz está em tratamento de câncer

Tainá Santos da Paz, em tratamento contra o câncer, registrou o caso na Delegacia de Crimes Raciais.

Uma paciente de 33 anos, em tratamento contra um câncer de mama e metástase na coluna, registrou, nesta quarta-feira (24), uma ocorrência por intolerância religiosa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no Rio.

Tainá Santos da Paz acusa funcionários do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, vinculado à UniRio, de terem jogado fora seus fios de conta sagrados durante a internação.

Segundo Tainá, os colares religiosos estavam ao lado de sua cama no leito da unidade hospitalar, na Urca, quando desapareceram após uma troca de roupa de cama, na última sexta-feira (18).

Ela afirma que havia saído para tomar banho e, ao retornar, os fios — ligados aos orixás Oxumaré, Oyá e Oxum — não estavam mais no quarto.

“É minha fé, é tudo o que eu tenho. Os meus fios me acompanham há muitos anos, na gestação, em todos os momentos da minha vida, e agora estou sem meus fios”, lamentou Tainá.

 

A jovem foi iniciada no candomblé há 16 anos, e os fios faziam parte de sua história religiosa. Os cordões têm significados espirituais profundos nas religiões de matriz africana e simbolizam proteção, ligação com os orixás e identidade religiosa.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais.

Mãe Márcia Marçal, yalorixá, afirmou que os fios representam mais do que objetos: “É a nossa proteção, o nosso amuleto, é o nosso amor, é a nossa paixão.”

As contas sagradas de Tainá representavam sua fé, elas a acompanhavam há 16 anos — Foto: Reprodução/TV GloboAs contas sagradas de Tainá representavam sua fé, elas a acompanhavam há 16 anos — Foto: Reprodução/TV Globo

A pesquisadora Carla Akotirene, especialista em estudos de raça e gênero, destacou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o bem-estar espiritual como parte da saúde.

“Se a Tainá perdeu as guias de orixá, ela também perdeu a saúde espiritual”.

Em nota, a UniRio afirmou que “tem compromisso com o respeito por todos os credos” e que “acompanha o caso de perto, esperando a apuração em andamento pela administração do hospital para que responsabilidades sejam apuradas, e providências, tomadas.”

O caso foi registrado como intolerância religiosa, crime com pena prevista de até 5 anos de prisão.

Em nota, a Universidade ressalta que repudia qualquer forma de desrespeito à liberdade religiosa — Foto: Reprodução/TV GloboEm nota, a Universidade ressalta que repudia qualquer forma de desrespeito à liberdade religiosa — Foto: Reprodução/TV Globo





Fonte: Alagoas 24h

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