sábado, setembro 27, 2025
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Pai que envenenou filho com raticida é condenado a 52 anos e 4 meses de prisão


Matheus Soares Omena dos Santos foi julgado nesta quinta (18), no Fórum da Capital | Foto: Caio Loureiro/ Dicom TJAL

O julgamento de Matheus Soares Omena dos Santos, de 24 anos, que matou o próprio filho, Anthony Levi, de apenas 4 anos, foi concluído nesta quinta-feira, 18, com a condenação do réu a 52 anos e 4 meses de prisão em regime inicialmente fechado. O crime, ocorrido em maio de 2024, chocou pela frieza do…

O julgamento de Matheus Soares Omena dos Santos, de 24 anos, que matou o próprio filho, Anthony Levi, de apenas 4 anos, foi concluído nesta quinta-feira, 18, com a condenação do réu a 52 anos e 4 meses de prisão em regime inicialmente fechado. O crime, ocorrido em maio de 2024, chocou pela frieza do acusado, que envenenou o garoto com chumbinho e tentou desviar as investigações para a escola, além de dar entrevistas à imprensa como vítima.

A sentença foi proferida pelo magistrado José Eduardo Nobre Carlos, da 8ª Vara Vara da Capital, após um julgamento de intensa comoção no Fórum do Barro Duro. Na dosemetria, 50 anos se refere ao homicídio e  dois anos e quatro meses pelo crime de fraude processual.

O caso, que inicialmente seria julgado em julho deste ano, foi adiado e retornou ao tribunal agora, com depoimentos que reafirmaram a crueldade do acusado. Entre os relatos mais emocionantes, destaca-se o da mãe de Anthony, Ingrid Nascimento, que detalhou o sofrimento da criança e os momentos de agonia vividos na UPA do Jacintinho, para onde o garoto foi levado após ser envenenado.

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A acusação, conduzida pelo promotor Flávio Costa, qualificou o homicídio como duplamente qualificado: por motivo fútil e envenenamento. Durante a fase de instrução, ficou claro que o réu tinha como principal motivação a vingança contra sua ex-esposa, de quem estava separado há seis meses, à época do crime.

Cortesia

Anthony Levy

Como tudo aconteceu

Segundo as investigações, o réu planejou o crime durante mais de uma semana, como forma de vingança contra a mãe da criança, sua ex-companheira.

Matheus confessou ter misturado o pesticida popularmente conhecido como “chumbinho” ao mingau do filho, preparado pela avó da criança, pouco antes de levá-lo ao Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Paulo Freire, no bairro São Jorge, em Maceió. A substância letal foi adquirida ilegalmente por R$ 13,00 em uma feira no bairro do Jacintinho, cinco dias antes do crime.

O réu ainda tentou se desfazer de provas, descartando o frasco do veneno na creche e tentando incriminar a instituição. No entanto, as câmeras de segurança da unidade escolar mostraram o pai agindo de forma estranha, acompanhando o filho até a porta da sala de aula – um comportamento atípico, já que normalmente ele o deixava no portão.

O laudo pericial confirmou que o veneno encontrado no frasco descartado foi o causador da morte. A vítima apresentou sintomas graves, como convulsões e falência respiratória, vindo a óbito horas depois.

O julgamento

A mãe da criança, Ingrid Nathally Nascimento da Silva, esteve presente ao julgamento e se emocionou durante o depoimento. “Meu filho foi traído por alguém que ele amava. É uma dor que nunca vai passar, o vazio sempre vai estar aqui presente”, declarou.

Foto: Claudemir Mota / MPAL

Ingrid Nascimento, mãe do menino Anthony Levy

A diretora do CMEI Paulo Freire, onde a criança estudava, também prestou depoimento. Ela relembrou o desespero das professoras ao perceberem que Anthony estava convulsionando e desmaiando, levando-o rapidamente para a UPA. A gestora destacou ainda o contraste no comportamento de Matheus, que permaneceu calmo durante toda a situação, enquanto Ingrid, a mãe, demonstrava angústia e aflição.

Durante o julgamento, o promotor de Justiça Flávio Gomes destacou a crueldade do crime e a quebra do dever de proteção paterna.

“O pai deveria estar protegendo, guardando, zelando. O Anthony morreu com quatro anos de idade, de forma agonizante, após ingerir metade de um frasco de chumbinho. Em 30 anos de atuação, nunca vi um crime tão cruel e perverso quanto este”, afirmou o promotor.

A defesa técnica foi realizada pela Defensoria Pública do Estado, representada pelo defensor Heraldo Silveira. Ele reforçou a importância do direito à defesa mesmo em casos de confissão.

“Nosso trabalho é de garantir uma atuação profissional e honrada, mesmo diante de uma situação tão bárbara”, ressaltou Silveira.

O réu  continuará preso no sistema penitenciário de Alagoas, onde aguarda o cumprimento da sentença.

Matéria baseada no processo de número 0700992-42.2024.8.02.0067.

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Fonte: Alagoas 24h

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