O Brasil tem um novo representante nacional da beleza masculina e ele nasceu e cresceu em São Paulo. O paulista João Leone, 27, é professor de muay thai, influenciador e venceu o Mister Brasil Universo no último domingo (27), na capital paulista. No Instagram, ele tem milhares de seguidores. Por lá, já ganhou o apelido…
O Brasil tem um novo representante nacional da beleza masculina e ele nasceu e cresceu em São Paulo. O paulista João Leone, 27, é professor de muay thai, influenciador e venceu o Mister Brasil Universo no último domingo (27), na capital paulista.
No Instagram, ele tem milhares de seguidores. Por lá, já ganhou o apelido de “professor gato”. Mas a fama do momento ainda é uma fração de suas ambições. “São mais de 150 mil seguidores, mas o objetivo é crescer ainda mais [nas redes]”, disse à GQ Brasil durante um coquetel no Jardins, antes da coroação no concurso. A disputa para isso, no entanto, seria acirrada até o fim.
Leone disputou o título com representantes de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal. Foram três dias de provas: avaliações de ensaios fotográficos – um de roupa, outro de sunga -, comunicação e postura testadas por profissionais do ramo e, para encerrar, um desfile sob os olhares atentos do público e de um júri.
O campeão, Leone, parecia menos apreensivo do que os colegas. “Talvez porque seja o mais velho aqui”, estipulou. Os competidores tinham entre 18 a 32 anos e foram recrutados pelo Instagram ou TikTok. Muitos sem experiência em modelar, como era o caso do Mister Mato Grosso, João Brum, 19, um tímido estudante de engenharia mecânica convencido pela namorada a participar. (Ele terminou em 5º lugar).
Episódio semelhante aconteceu com o Mister Rondônia, Vinicius de Souza, 19, que trabalhava como garçom. Apesar de ter um cardápio com pratos variados no dia-a-dia, mantém uma alimentação regrada à base de proteínas para compor o shape desde que passou a levar a sério a ideia de se tornar modelo – ou, mais importante nos dias atuais, influenciador.
“É tudo uma questão de estratégia visual”, explicou em nossa conversa. Deu resultado: Vinícius ficou com a terceira colocação.
Um Mister para as redes sociais
As duas mentes por trás da iniciativa são os sócios Cristian Mazzetti e Rogério Campaneli, da agência Base Management. De certa forma, os dois tentam atualizar e trazer para os dias de hoje o ambiente cintilante dos concursos de beleza do passado.
No início da carreira, Campaneli batia perna por shoppings atrás de novos rostos com potencial para o mercado dos concursos. Muitos não davam bola, mas o agente insistiu no sonho nutrido desde a infância.
“Minha mãe ia ser miss Paraná, mas não pôde na época porque meus avós não deixaram e aí ela carregou isso para a gente. Essa energia entrou no meu corpo para realizar essa vontade”, diz. “Lembro quando passava no programa do Silvio Santos e o Brasil inteiro parava para assistir”.
Com o tempo, os concursos tornaram-se cada vez mais escassos por desinteresse de patrocinadores, mas Campaneli acredita na capacidade de revivê-los com a ajuda da internet. Para isso, em vez de ir aos shoppings, perambulou pelas redes sociais, pediu indicações e fez diversas calls para convidá-los.
Todos os convidados deveriam ter ao menos alguma noção de como manejar uma câmera, produzir vídeos e, se possível, já ter estabelecido uma base interessante de seguidores.
“Eu quero que todos eles já venham e saiam como criadores de conteúdo”, frisa. Assim, desenvolveu uma rede diversa de participantes. Sem aquele arquétipo do machão. “Tem gay, tem bi, tem branco, tem preto, tem de tudo. Era para ter um japa também representando o Acre, mas ele nunca foi modelo e o chefe não liberou ele para vir”, lamenta.
Mas o trabalho de formiguinha precisou de adaptações geográficas. Segundo ele, a maioria dos concorrentes realmente pertence ao local representado. Já outros vivem em São Paulo, mas tinham algum grau de parentesco fora do estado e assim já poderiam ser considerados para a conta, como foi o caso de Roraima, onde nenhum possível Mister foi localizado a tempo.
O episódio mais emblemático aconteceu com o Mister Fernando de Noronha, que na verdade é do Rio de Janeiro. O arquipélago pertence a Pernambuco, mas como já havia um Mister Rio de Janeiro e outro pernambucano, Campaneli abriu uma exceção. “Em concursos de miss, têm representantes de ilhas. Então eu dei uma ilha para ele”, explica.
Campaneli afirma que a ideia era quebrar estereótipos em relação à masculinidade e apresentar um homem moderno, mais conectado aos cuidados de beleza e à vulnerabilidade. “Porque o machismo que existe no país não autoriza eles a terem um lado mais sensível ou um lado mais vaidoso. Não permitem”, diz.
“Quando o homem fala que vai pegar 200 kg na academia é legal. Mas se ele fala que lava o cabelo com um determinado shampoo, ele é ‘gay’. Então, tem que acabar com isso. É urgente! O mundo precisa evoluir”, diz o organizador.
O vencedor, Leone, foi eleito por um júri composto por Lari Santos (influenciadora e ex-BBB), Dudu Farias (stylist dos famosos), Henrique Martins (Mister Brasil, ator e ex-A Fazenda), Elaine Vieira (diretora da Unibes Cultural) e Bernardo Mesquita (ator).
“Não sei se consigo falar, ver minha mãe chorando me quebra um pouco. Quero agradecer a todos, agradecer por estarmos vivos, com saúde. Estou muito feliz!”, declarou emocionado no palco da premiação.
O segundo colocado, o Mister Pará Matheus Orlando, vai disputar um concurso na Tailândia. Vinicius Cruz, o terceiro colocado, vai participar de uma competição na Colômbia. Já o paulista vai embarcar para Los Angeles. No ano que vem, os organizadores pretendem realizar mais uma etapa do concurso. “[Quero] quebrar os paradigmas de que o homem bonito não tem nenhuma qualidade”, diz o organizador.