domingo, setembro 28, 2025
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Quebra de sigilo telefônico de empresário acusado de matar gari é autorizada pela Justiça


A Justiça de Minas Gerais autorizou a quebra de sigilo dos dados telefônicos e telemáticos do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, acusado de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes com um tiro enquanto a vítima trabalhava na coleta de lixo em uma rua de Belo Horizonte. ACOMPANHE O ALAGOAS 24 HORAS NO INSTAGRAM…

A Justiça de Minas Gerais autorizou a quebra de sigilo dos dados telefônicos e telemáticos do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, acusado de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes com um tiro enquanto a vítima trabalhava na coleta de lixo em uma rua de Belo Horizonte.

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A decisão foi proferida na noite desta quinta-feira (14) e atende a pedido da Polícia Civil. O objetivo é verificar registros de chamadas, conversas por aplicativos, localização e arquivos armazenados na nuvem que possam ajudar a esclarecer o caso.

As operadoras e empresas de tecnologia intimadas têm até 15 dias para enviar as informações diretamente à polícia.

A Justiça também autorizou perícia nas armas registradas no nome da delegada Ana Paula Lamego Balbino, esposa do empresário.

Segundo fontes ligadas às investigações, o pedido da polícia foi feito depois de o suspeito ter o celular apreendido e se negar a fornecer a senha do aparelho.

Renê nega o crime e afirma que as armas encontradas em sua residência pertencem à mulher. Ele não possui autorização para posse ou porte de armas. O inquérito segue em andamento.

Prisão preventiva

O empresário passou por audiência de custódia na última quarta-feira (13) e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça após representação do Ministério Público. Um vídeo mostra a reação dele ao descobrir que continuará preso.

Na gravação, o empresário inclina a cabeça para baixo e apresenta semblante abatido ao receber a notícia. Em seguida, ele é levado embora algemado.

“[Tendo em vista] todo esse contexto, gravidade concreta dos fatos, reiteração delitiva do agente eu acolho, por garantia da ordem pública, eu acolho integralmente o parecer ministerial e converto seu flagrante em prisão preventiva”, concluiu o juiz Leonardo Damasceno.

No mesmo dia, o suspeito, que estava no Ceresp Gameleira, foi transferido para o Presídio de Caeté, na Grande BH.

A defesa chegou a pedir o relaxamento da decisão da Justiça, argumentando que não havia indícios suficientes para manter a determinação de prisão. O suspeito foi preso na segunda-feira (11), em uma academia de Belo Horizonte, horas após o crime.

Os advogados destacaram que o acusado é réu primário, possui bons antecedentes e residência fixa. Além disso, a defesa de Renê pediu que o caso fosse colocado sob sigilo, mas a Justiça não atendeu à solicitação.

O juiz não acolheu os argumentos. Ele alegou haver elementos suficientes para manter a prisão, como “perseguição ininterrupta” da polícia, identificação do veículo e reconhecimento de testemunhas. O magistrado também afirmou que se trata de um crime hediondo e que é necessário punição.

Personalidade ‘violenta’ e ‘desequilibrada’

O juiz disse ainda considerar a personalidade de Renê “violenta” e “desequilibrada”. Ele apontou que o suspeito se sentiu confortável em ir treinar em academia após atirar e matar Laudemir.

“Ao que tudo indica, ele foi pra academia… quer dizer, comete um crime e vai treinar numa academia? Situação que merece apuração sobre a personalidade do agente”, afirmou o juiz Leonardo Damasceno, da Central de Audiência de Custódia de Belo Horizonte.

Empresário nega crime

Durante a audiência, o empresário negou o crime, afirmou ter ido para o trabalho, passeado com o cachorro e seguido para a academia. Ao sair do local, se deparou com os policiais e foi preso.

A prisão ocorreu com base no reconhecimento de testemunhas e em imagens de câmeras de segurança que flagraram o carro do suspeito em direção à rua em que o gari foi baleado, momentos antes dos tiros.

Duas armas, que pertencem à esposa delegada do suspeito, foram apreendidas na casa do casal e serão periciadas.

A Corregedoria da Polícia apura se houve por parte da delegada omissão de cautela, quando há descuido com o equipamento, na guarda dos armamentos.

Histórico de violência doméstica

Um outro fator de peso na decisão do magistrado foi o histórico de Renê com violência doméstica. O suspeito quebrou o braço da antiga companheira, segundo o juiz. Ele também tem histórico de agressões a outra companheira e um atropelamento, que terminou com uma morte.

A Justiça também apontou que a forma como o crime foi cometido impossibilitou a defesa da vítima.

“Chega um cidadão […] querendo passar de forma desequilibrada e violenta, sai do veículo, ameaça trabalhadores que prestam serviço público, coloca arma em direção a uma mulher motorista de caminhão falando que daria um tiro na cara da trabalhadora. Não satisfeito, volta com arma em punho […] e atira. Toda uma dinâmica que mostra a periculosidade do agente. É um homicídio qualificado, um crime hediondo”, complementou.

Cronologia

Laudemir Fernandes foi morto a tiros na manhã de segunda-feira após uma discussão de trânsito. Ele trabalhava na coleta de lixo quando, segundo testemunhas, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior pediu que o caminhão fosse retirado da via, para que ele passasse.

A mulher que dirigia o caminhão afirmou que tinha espaço suficiente para o carro passar. Renê teria se irritado e ameaçado atirar na motorista. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse.

Renê, então, desceu do carro e atirou na direção dos garis, atingindo Laudemir.

O crime aconteceu no encontro das ruas Jequitibá e Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte.

Horas depois, o empresário foi localizado em uma academia, no bairro Estoril, onde foi preso em flagrante. No momento da prisão, ele negou o crime.

O suspeito, casado com a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, da Polícia Civil de Minas Gerais, foi levado para o Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Após o depoimento, ele foi transferido para o Ceresp Gameleira, na Região Oeste de Belo Horizonte.

A Polícia foi até o endereço do casal, recolheu a arma que, segundo o boletim de ocorrência, resultou na morte do gari, e uma outra, ambas pertencentes à delegada.

A delegada Ana Paula foi conduzida para a Corregedoria da Polícia Civil para prestar esclarecimentos e teve o celular apreendido. Ela não estava presente no momento do crime.

A polícia investiga se houve negligência da parte da delegada na cautela da arma. Caso seja confirmado, caracteriza-se transgressão disciplinar.

Segundo as investigações, o empresário Renê da Silva Nogueira Junior não possui registro de arma de fogo nem porte de arma.

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a conduta da delegada, esposa do empresário, em torno dos crimes de omissão de cautela e prevaricação. Até o fim das investigações, ela segue no cargo.





Fonte: Alagoas 24h

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