Ordem vai acionar autoridades responsáveis para que o caso seja apurado com rigor
Após gravar um vídeo, no qual denuncia ter sido vítima de racismo, a vendedora de 21 anos, Gabriela Barros, foi recebida pela Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL). Em seu relato ela conta que foi demitida de uma empresa de consórcios e cartas de crédito, localizada no Centro…
Após gravar um vídeo, no qual denuncia ter sido vítima de racismo, a vendedora de 21 anos, Gabriela Barros, foi recebida pela Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL). Em seu relato ela conta que foi demitida de uma empresa de consórcios e cartas de crédito, localizada no Centro de Maceió, após adotar tranças nagô, um penteado tradicionalmente ligado à identidade da mulher negra.
Diante da denúncia, a OAB/AL se comprometeu a acionar as autoridades para que a conduta adotada pela empresária que teria praticado o crime possa ser investigada.
De acordo com a presidente da comissão, Mayara Cavalcanti, o episódio representa um típico caso de racismo, no qual uma pessoa negra é impedida de exercer um direito básico, como trabalhar, unicamente por sua existência. “Acionaremos os órgãos públicos para investigar a conduta da empresária, e acompanharemos este caso absurdo de racismo de perto”.
O que aconteceu
O fato aconteceu no último mês de março, quando a denunciante decidiu fazer o penteado. Ela relata que ao chegar ao local de trabalho foi surpreendida pela chefe, que afirmou ser inaceitável aquele tipo de penteado entre os funcionários da empresa e afirmou que, caso ela não retirasse as tranças, não precisava mais ir trabalhar. Segundo a jovem, isto aconteceu uma vez antes, quando ela desfez o penteado.
“Coloquei uma trança bem pequena, uma nagô. Passei apenas um dia com ela, porque, quando cheguei ao trabalho, a gestora simplesmente mandou que eu retirasse. Como tinha contas a pagar e precisava me manter na empresa, aceitei e tirei a trança”, contou.
Semanas depois, Gabriela fez uma nova trança, que ela classificou como “bem comum”, com o objetivo de não chamar atenção. Mesmo assim, foi advertida. “Ela me chamou de canto e disse que eu tinha dois dias para tirar a trança. Afirmou que era perfil de loja de hippie, que não combinava com o perfil da empresa dela”, completou.
Ela expôs ainda que, ao recusar fazer a retirada do penteado, mesmo explicando que o cabelo fazia parte de assumir sua própria identidade, a vítima teve de escolher entre pedir demissão ou ser demitida, cumprindo um aviso prévio de 30 dias em ambiente completamente hostil.
“Se você vier amanhã com a trança, vou colocar você para ir pra casa. Eu já te avisei. Tire essa trança hoje. Se for pra vir amanhã, nem venha”, disse a gestora em um áudio gravado pela funcionária.
Para comprovar a situação à qual foi submetida, a funcionária gravou várias conversas com a chefe, nas quais ela deixa claro que não ia permitir cabelos que estivessem fora do “padrão” e destacava que a vendedora não tinha um perfil social nem se vestia de forma adequada.
“Na frente de todo mundo, ela não fez nem questão de me chamar de canto. Ela me mandou embora”, afirmou.
A vítima do caso foi acolhida pela comissão da OAB/AL, que prometeu adotar todas as providências cabíveis para que os fatos, se comprovados, não fiquem impunes.
Veja o vídeo gravado é compartilhado nas redes sociais pela suposta vítima: